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domingo, 24 de junho de 2012

20 euros na Ucrânia por uma fotografia.. É um mau negócio!!

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Mais uma história que damos a conhecer sobre o Euro 2012 (leia aqui a anterior). É isto a Ucrânia, é com isto que a UEFA compactua. Não é que seja um problema apenas da Ucrânia, prostituição há em todo o lado, mas num espaço público debaixo da alçada da UEFA deve ser a primeira vez. Leiam esta interessantíssima história de quem vive o Euro 2012 bem por dentro.



«Em algumas zonas da Ucrânia é mais fácil arranjares uma prostituta do que uma garrafa de água sem gás. Kharkiv é uma dessas zonas. Aqui mesmo, no Fan Park.»



Não se trata de uma piada. E também não é mentira. Estou na imensa floresta que serve de abrigo ao Fan Park de Kharkiv, na Ucrânia. Uma espécie de selva que se assemelha a um labirinto. Situada bem perto do centro da cidade.



Daqui por umas horas começa o jogo entre Portugal e Holanda, no estádio do Metalist. Não fica muito longe deste local. Cerca de 10 minutos de autocarro. Mas agora quero apenas uma «água sem picos», como dizem as crianças. Em vez disso, oferecem-me serviços femininos.



Animadoras de serviço completo



Vou ter com um dos stewards da UEFA que está no local. Um jovem ucraniano. Provavelmente é maior de idade, mas não aparenta ter mais de 15 anos. «Por favor, diz-me onde posso comprar uma garrafa de água sem gás?»

«Aqui dentro do Fan Park é difícil. De certeza que arranjas, mas não sei dizer-te onde. A melhor forma é saíres daqui, ires por essa avenida abaixo e virares na primeira à direita. Vais encontrar uma pequena barraca que vende tabaco e também tem água sem gás.»



«A sério? Em todo este espaço, em todos estes bares… Tenho de sair daqui?»



Ele ri-se do meu espanto e é nesse momento que me faz uma proposta diferente. «Andam por aí umas meninas com os equipamentos da Ucrânia. Já as deves ter visto. São aquelas que andam a correr aí pelo meio do parque, sabes?»



Já as tinha visto, sim. Ucranianas de formas curvilíneas realçadas por calções justos e curtos. O equipamento da seleção daquele país numa versão bem mais picante. Correm pela floresta e deixam todos os adeptos boquiabertos.



«Têm água?», pergunto-lhe. Ele ri-se e prossegue com a explicação: «Essas miúdas são animadoras. Foram contratadas pela UEFA e cobram dinheiro para tirar fotografias. À volta de 50 hryvinias [5 euros]. Mas algumas delas também são prostitutas. Se tiveres 200 hryvinias [cerca de 20 euros] podes estar com uma delas durante meia hora. Fazem o que quiseres. Serviço completo. Temos sítios aqui dentro, neste enorme Fan Park, onde ninguém vê nada. Se quiseres posso falar com elas…»



Amor com escolta policial



De repente, o ajudante da UEFA transforma-se em proxeneta. Digo-lhe que não estou interessado. Quero apenas uma água. Indica-me então uma barraquinha não muito longe de onde estamos. «Vês aquela placar com a fatia de pizza? Talvez tenham a tua água sem gás. Mas não queres mesmo uma destas miúdas? 20 euros, meia hora, serviço completo.» Diz a mesma coisa três vezes, enquanto me afasto.



Dirijo-me para a barraquinha, peço uma água, abano e vejo que não tem gás. «Finalmente», penso. Mesmo ali ao lado estão dois holandeses. Andam na casa dos 40 anos. Falam com duas das animadoras. Vejo-os abrirem as carteiras e elas tiram a quantia que acham necessária. Eles estão bêbedos e nem reagem. Ficam sem o dinheiro e vão com elas. De mãos dadas. Perco-os de vista entre as árvores e a elevada vegetação. Ainda penso em segui-los para ver se aquilo é verdade, mas não estou numa de voyeurismos.



Agora que já tenho água, quero apenas juntar-me a outros adeptos. Mais de uma hora depois vejo um desses holandeses. Pergunto-lhe se aquelas raparigas são prostitutas. Ele está deliciado: «Sim, são mágicas. A melhor coisa que me aconteceu na vida.»



Explica-me que esteve 30 minutos com elas e pagou 500 hryvnias (cerca de 50 euros). «Apenas sexo oral, mas valeu a pena.» Trataram de tudo no meio das ervas, numa zona em que só a polícia tem acesso. «A polícia colabora com elas e protege-nos de olhares alheios. Mas não ficam a ver. Viram-se de costas.»



Portugueses pagam menos



O holandês está feliz, mas fez um mau negócio. Pagou 50 euros por sexo oral. Contei-lhe que, antes disso, tinham-me oferecido um «menu completo» por apenas 20 euros.



Um dos ucranianos próximo de nós ouve a conversa e explica-nos a diferença: «Os preços são variáveis mediante as nações. Aqui toda a gente sabe que os portugueses trazem menos dinheiro do que os alemães ou os holandeses. Por isso, pedem-vos menos. Mesmo assim, na Ucrânia, 20 euros é muito dinheiro.»



Escutamos cada palavra com atenção. O holandês acha interessante, mas não fica ofendido nem se sente enganado. Traz dinheiro para gastar. Assim como muitos dos seus conterrâneos. Não se preocupam com preços e tudo lhes parece barato. Os ucranianos agradecem essa postura e aproveitam para enganá-los. Sobretudo nesta floresta mágica. Cheia de esconderijos onde mulheres esculturais fazem as delícias de homens alcoolizados. Pelo menos, tiveram um final feliz, segundo me contou o holandês. Não foi como outras histórias que ouvi: homens que seguiram mulheres e voltaram sem dinheiro e roupa; homens que acordaram sem órgãos. Esse é um dos grandes medos nas ruas da Ucrânia.



No Fan Park de Kharkiv, contudo, os negócios parecem ser mais limpos. Dinheiro em troca de sexo. A mais velha transação do mundo. Debaixo dos olhos da UEFA. No espaço da UEFA. Com a colaboração dos trabalhadores da UEFA.



Alguns minutos depois reencontro os portugueses que estavam comigo. Um deles vê um grupo de animadoras e diz-me para esperar porque quer tirar uma fotografia com elas. Pedem-lhe 200 hryvnias (cerca de 20 euros). Explico-lhe que é um mau negócio… por uma fotografia.

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